domingo, 30 de setembro de 2007

Textos, poesias...







Há consenso entre os educadores de que é imprescindível que todos os alunos saiam da escola como pessoas que escrevem, isto é, eles precisam se valer da escrita de forma adequada, tranqüila e autônoma toda vez que isso se fizer necessário, inclusive em Matemática.A comunidade em que está inserida o seu aluno, assim como as necessidades que ele possa vir a ter para o seu futuro como trabalhador, ser social e principalmente cidadão reconhecedor de seus direitos e deveres está diretamente ligada à leitura e compreensão de textos e do mundo que o cerca.


Assim segue textos, visando auxiliar neste sentido. O primeiro muito conhecido pelos matemáticos, outros nem tanto.











Poesia Matemática






Millôr Fernandes














Às folhas tantas do livro matemático

um Quociente apaixonou-se


um dia doidamente

por uma Incógnita.

Olhou-a com seu olhar inumerável

e viu-a do ápice à base

uma figura ímpar;


olhos rombóides, boca trapezóide, corpo retangular, seios esferóides.

Fez de sua uma vida paralela à dela

até que se encontraram no infinito.

"Quem és tu?", indagou ele

em ânsia radical.

"Sou a soma do quadrado dos catetos.

Mas pode me chamar de Hipotenusa.

"E de falarem descobriram que eram


(o que em aritmética correspondea almas irmãs)


primos entre si.

E assim se amaram

ao quadrado da velocidade da luz

numa sexta potenciação

traçando ao sabor do momentoe da paixão

retas, curvas, círculos e linhas sinoidais

nos jardins da quarta dimensão.

Escandalizaram os ortodoxos das fórmulas euclidiana

e os exegetas do Universo Finito.


Romperam convenções newtonianas e pitagóricas.

E enfim resolveram se casar

constituir um lar, mais que um lar, um perpendicular.

Convidaram para padrinhoso Poliedro e a Bissetriz.


E fizeram planos, equações e diagramas para o futuro


sonhando com uma felicidade integral e diferencial.


E se casaram e tiveram uma secante e três cones


muito engraçadinhos.

E foram felizes até aquele dia

em que tudo vira afinal monotonia.


Foi então que surgiu

O Máximo Divisor Comum

freqüentador de círculos concêntricos,viciosos.


Ofereceu-lhe, a ela,uma grandeza absoluta


e reduziu-a a um denominador comum.

Ele, Quociente, percebeu

que com ela não formava mais um todo,


uma unidade. Era o triângulo, tanto chamado amoroso.

Desse problema ela era uma fração, a mais ordinária.


Mas foi então que Einstein descobriu a Relatividade


e tudo que era espúrio passou a ser moralidade


como aliás em qualquer sociedade.
















Mãezinha







A terra de meu pai era pequena



e os transportes difíceis.



Não havia comboios, nem automóveis, nem aviões, nem mísseis.



Corria branda a noite e a vida era serena.



Segundo informação, concreta e exacta,



dos boletins oficiais,



viviam lá na terra, a essa data,



3023 mulheres, das quais



45 por cento eram de tenra idade,



chamando tenra idade



à que vai do berço até à puberdade.




28 por cento das restantes



eram senhoras, daquelas senhoras que só havia dantes.



Umas, viúvas, que nunca mais (oh! nunca mais!) tinham sequer sorrido



desde o dia da morte do extremoso marido;



outras, senhoras casadas, mães de filhos…



(De resto, as senhoras casadas,



pelas suas próprias condições,



não têm que ser consideradas



nestas considerações.)



Das outras, 10 por cento,



eram meninas casadoiras, seriíssimas, discretas,



mas que por temperamento,



ou por outras razões mais ou menos secretas,



não se inclinavam para o casamento.



Além destas meninas



havia, salvo erro, 32,



que à meiga luz das horas vespertinas



se punham a bordar por detrás das cortinas



espreitando, de revés, quem passava nas ruas.



Dessas havia 9 que moravam



em prédios baixos como então havia,



um aqui, outro além, mas que todos ficavam



no troço habitual que o meu pai percorria,



tranquilamente no maior sossego,



às horas em que entrava e saía do emprego.



Dessas 9 excelentes raparigas




uma fugiu com o criado da lavoura;




5 morreram novas, de bexigas;



outra, que veio a ser grande senhora,



teve as suas fraquezas mas casou-se



e foi condessa por real mercê;



outra suicidou-se



não se sabe porquê.



A que sobeja



chama-se Rosinha.



Foi essa que o meu pai levou à igreja.



Foi a minha mãezinha.








Diálogo








Um homem chega numa repartição:



- Sr: 4 324 está?



-Quem devo anunciar?



-diga que é o 5 395 439.



-Infelizmente o Sr. 4 324 naõ está. Não quer falar com o 33?



-Melhor ainda eu nem sabia que o 33 trabalhava aqui.



-Trabalha sim, senhor. Ele é assistente do Dr. 329 121, desde que o Dr. 421 foi t-ransferido.



-Minutos depois aparece o 33.



-Mas que prazer, há quanto tempo. Como vão seus irmãos?



-Todos bem. O 5 327 casou, o 78826 está morando em S. Paulo e o 45 877 é assistente do





General 4 594 em Brasília.



-Em que posso servi-lo, 5 395 439?



-Um probleminha. Eu estava no meu carr com o 444, o 776 e o 728 001. quando o sinal abriu,





veio o carro dirigido pelo Sr. 575 575 e bateu no nosso. Houve testemunhas: o 423 666, o 762





222 e o 888 888. o guarda 333 562 anotou tudo direitinho.



-Deixa comigo, meu caro 5395 439. meu secretário, o 321, resolve isso em um minuto.



-Muito obrigado, 33.



-De nada. Lembranças à sua mãe, dona 877 425.



-Minha mãe é 887 435, 887 425 é o presidente da República.



-Perdão, mas os nomes são tão parecidos, não é?
A palavra é sua. Maria Helena Correa e Celso Pedro Luft. S. Paulo, Scipione, 5ª série.







O Zero







O sábio mais sábio do mundo dfoi o que descobriu o nada. Nada mesmo. Ele teve a idéia genial de




que onde não há nada, nadinha mesmo, há o nada. E fez do nada um algarismo, o zero.




A ciência seria impossível sem a matemática e a matemática mais impossível ainda sem o zero é




difícil imaginar como a humanidade pôde atravessar tantos milênios, produzindo muitos homens




sábios, que não sabiam a verdadeira matemática, ou não tinham instrumentos para criar uma. É




certo que os egípicios sabiam fazer, com seus astrólogos, muitos cálculos astronômicos. Os gregos




eram filósofos, que ainda nos espantam por sua inteligência. Os romanos nos legaram leis que




funcionan até hoje, coordenabndo relações entre as pessoas.


Mas a nenhum deles ocorreu a idéia fundamental de que onde não há nada, algo existe: o nada.




Com o zero, que não é nada, pode-se coordenar os números, assim: o número um é um só, com o




zero adiante, ele decuplica, passa a ser dez; dois zeros, ele centuplica; três, ele mnimifica. Posto




zero na frente do número, ele se divide. O um, com um zero na frente, é um décimo; com dois




zeros na frente, é um centésimo, etc. e tal.


Vou dar a você, de presente, hoje, uns números grandotes para você se divertir. O primeiro




número é 60 000 000 000 000 000 000 000 000 000, com um 6 e 28 zeros, é a idade da




Terra, em milhões de anos.


O segundo número é 0, 000000000000000000000000166, formado por um zero, uma




vírgula e mais 24 zeros seguidos do número 166, corresponde à massa do hidrogênio, em




gramas.


Isso não é nada. Podemos fazer números muitíssimos maiores. Se você fizer um número que vá




daqui até a lua, ele ainda não será o maior número do mundo. Pondo mais um zero, ele se




multiplica por dez, e vai por aí afora. Parece brincadeira, não é?
O zero, Noções de coisas, Darcy Ribeiro, São Paulo, FTD, 1995.
























Paradoxo










A dor que abate, e punge, e nos tortura,




que julgamos às vezes não ter cura




e o destino nos deu e nos impôs,



é pequenina, é bem menor, e até




já não é dor talvez, dor já não é




dividida por dois.





A alegria que às vezes num segundo




nos dá desejos de abraçar o mundo,




e nos põe tristes, sem querer, depois,




aumenta, cresce, e bem maior se faz,



já não é alegria, é muito mais



dividida por dois.





Estranha essa aritmética da vida,




nem parece ciência, parece arte;




compreendo a dor menor, se dividida,



não entendo é aumentar nossa alegria



se essa mesma alegriase reparte.
( Poema de JG de Araujo Jorgedo livro- Festa de Imagens – 1948)

sexta-feira, 28 de setembro de 2007

A matemática, de onde surgiu?



Alguns alunos sempre perguntam, de onde surgiu a matemática. E a minha resposta?

-De lugar nenhum, ela é uma necessidade. Veja a figura, até os homens da caverna sabiam disso.

sexta-feira, 21 de setembro de 2007

O que tem

Neste blog você encontrará coisas interessantes, sobre o mundo da matemática. Aprendendo de forma simples e divertida.
Nós, Vera Mata e Fátima Santos, professoras e estudantes de matemática queremos contar com sua ajuda.
Pergunte, investigue, tire dúvidas e nós tentaremos te ajudar.
OK
Beijos